segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Trotskismo a Serviço da CIA Contra os Países Socialistas




Autor: Ludo Martens

Tradução: Cristiano Alves e Diêgo Mendes Cipriano



Nota do tradutor

Parte I

Parte II

Parte III

Nota do Tradutor




Já dizia Lenin que "Trotsky une todos os que só apreciam a desordem no domínio das idéias, todos os que troçam muito da defesa do marxismo, todos os pequenos burgueses que não compreendem nada do sentido da luta em curso e que não querem estudar, refletir e procurar as raízes ideológicas desta divergência de opiniões... Trotsky pode parecer facilmente o herói do momento, unir em torno de si toda a mediocridade"1. Em tais palavras o fundador do bolchevismo descreveu precisamente não apenas o caráter de Trotsky, como também dos trotskistas, o caráter de indivíduos que lutam não pelo que são à favor, mas pelo que são contra: a unidade do movimento comunista e a atuação consciente e organizada.

O trotskismo sustentou durante mais de 60 anos o mesmo discurso, o de destruir o primeiro estado governado por camponeses e operários, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Em suas obras2, Trotsky defendeu com uma paixão doentia a necessidade de se fazer na URSS uma revolução que viesse a restaurar o capitalismo no país dos sovietes, contando, assim, com o apoio de toda a mídia burguesa e proteção policial de governos ditatoriais como era o do México, durante o tempo em que lá permaneceu. Assim, os trotskistas fundaram assim a Quarta Internacional, carregando nas costas tal missão. Seguindo lealmente à seu mestre, os correligionários de Trotsky levaram a cabo uma campanha incessante de calúnias contra a URSS, fazendo, assim, coro com o mesmo discurso que a Gestapo, a imprensa massamedial de Hearst, o fascista Solzhenytsin, e a propaganda nazista e fascista sustentaram contra a URSS.

Tal como prega a ideologia do renegado ucraniano, outra mania não foi abandonada, com efeito, o fracionarismo, contra qual o comunismo se levanta. Assim, a 4ª Internacional, de fato, se dividiu em pelo menos várias facções, todas com um objetivo comum, dando apoio incondicional a grupos que vão desde os nazistas ucranianos até agentes da CIA que atuaram no Leste Europeu. Esse caráter contra-revolucionário, que poucos enxergam no trotskismo, é muito bem exposto nesta rica obra de Ludo Martens.



Cristiano Alves



1- Carta ao corpo russo do Comitê Central do P.O.S.D.R, Obras, tomo 17, p. 15, Paris-Moscou)

2- Ênfase para O aparato policial do stalinismo e A Revolução traída.

Os Trotskistas e o Leste Europeu




Depois do triunfo da contra-revolução burguesa no Leste Europeu e na União Soviética, permanece expressa certamente entre os comunistas, qual é a verdadeira motivação do trotskysmo.

O desenvolvimento do processo contra-revolucionário no Leste Europeu e na União Soviética nos revela claramente o sentido de classe que estampam os trotskystas à sua posição ideológica, permitindo-nos verificar na prática a ambigüidade do discurso que têm sustentado por mais de sessenta anos. Não é difícil, hoje em dia, perceber através de sua fala "esquerdista" o verdadeiro objetivo desta corrente. Nos basta ler as declarações que têm feito nos últimos dois ou três anos, para ver que sua estratégia central é o anticomunismo absoluto; uma corrente que recruta os elementos progressistas da pequena burguesia, para educá-los no anticomunismo.

Em suma, asseguramos que esta tendência somente tem levado a cabo com persistência, continuidade e convicção o combate contra o marxismo-leninismo e o movimento comunista internacional.

É nosso propósito provar a veracidade destas afirmações, e o faremos mediante o estudo e análises das proposições feitas pelos trotskystas no momento em que surgem as contra-revoluções, denominadas intervenções “de veludo”, que levaram à restauração do capitalismo no Leste Europeu e na União Soviética.

"A restauração do capitalismo é impossível!"

Nos anos trinta Stalin traçou um questionamento essencial: Em um país no qual o Socialismo tem estabelecido a ditadura da classe trabalhadora, é possível o restabelecimento do capitalismo? Trotsky respondeu: o restabelecimento do capitalismo é impossível sem um levantamento armado da burguesia e sem uma guerra civil prolongada. Seu delineamento da "restauração impossível" serviu para eliminar toda vigilância política e ideológica favorecendo uma posição conciliadora e estimulante, tanto no interior do Partido, como em favor do inimigo de classe na sociedade.

Desde a Revolução Cultural, os Marxistas-Leninistas reafirmaram que um Partido Comunista pode degenerar-se ao ser invadido por concepções e teorias burguesas e pequeno-burguesas. O revisionismo é a adoção das idéias da burguesia e da pequena-burguesia disfarçadas com terminologia marxista-leninista. Quando o revisionismo definitivamente logra monopolizar um partido comunista, este se torna o instrumento principal para o restabelecimento burguês progressivo, tanto no plano ideológico-político como econômico.

Mandel, o líder principal da chamada IV Internacional, vangloria-se afirmando que esta teoria "stalinista" somente serve para justificar a arbitrariedade, fazendo assim eco a uma das teses de Trotsky.

"Só verdadeiros idiotas..."

Em 1934, Stalin demonstrou que a corrente do grupo oportunista Zinoviev-Kamenev conduziria necessariamente ao restabelecimento do capitalismo na União Soviética. A história demonstrou que as críticas de Stalin a Trotsky, ao grupo Zinoviev-Kamenev e posteriormente aos seguidores de Bukarin, foram muito acertadas. O rechaço dessas proposições, no curso dos anos vinte e trinta, permitiu manter a ditadura do proletariado e construir o poder político e militar necessário para defender o socialismo da agressão fascista. Muitas idéias de Trotsky, Zinoviev e Bukharin foram retomadas meio século depois pelos revisionistas Kruchov e Brezhnev; e somente dois anos depois da reabilitação oficial destas idéias oportunistas por Gorbachov, o restabelecimento do capitalismo era um fato real.

Convém recordar que em 1943, Trotsky argumentou contra Stalin: “Só verdadeiros idiotas são capazes de crer que proposições capitalistas, tais como a propriedade privada dos meios de produção, ou da terra, possam restabelecer-se de uma maneira pacífica na União Soviética, e que resultem num regime democrático-burguês. De fato, o capitalismo só pode restabelecer-se na Rússia através de um violento golpe de Estado contra-revolucionário, que exigiria dez vezes mais vítimas que a Revolução de Outubro e a guerra civil.” (1) Dez vezes mais, isso quer dizer que o restabelecimento do capitalismo na Rússia significaria um número de vítimas oscilando entre os 50 e 90 milhões...

1989: "A restauração impossível a médio prazo"

Já em 1989, momento no qual as forças contra-revolucionárias exerciam sua aberta ofensiva, Mandel persiste afirmando que o fantasma da restauração capitalista não é outra coisa que uma mentira stalinista, para justificar a "repressão". Em 1989, já se haviam passado ao campo imperialista Polônia e Hungria, não obstante Mandel escrevia: "A pequena e média burguesia formam tão só uma minoria na sociedade destes estados operários-burocráticos e gozam unicamente de uma ajuda limitada do grande capital internacional. Mas somando tudo isto, a confluência de interesses não é suficiente para que a curto ou a médio prazo se possa impor o capitalismo." (2)

Já faz muito tempo que os marxistas-leninistas descreveram as quatro forças sociais

que formam a base para o restabelecimento. Primeiro, é a casta de burocratas e elementos corruptos no seio do Partido e do aparato de Estado. Segundo, são as forças políticas e ideológicas das velhas classes reacionárias. Terceiro, são os novos elementos burgueses e exploradores que se tem desenvolvido dentro da sociedade socialista. Quarto e último, são as forças imperialistas que, de maneira aberta ou clandestina, interagem nos países socialistas. Mandel desconhece a existência das duas primeiras formas e minimiza as outras, ainda que desde Reagan se tenha duplicado a infiltração e intervenção capitalista.

Mandel utiliza os mesmos argumentos para apoiar a contra-revolução na União Soviética: “Para onde vai a União Soviética de Gorbachov? Excluamos, por ser impossível, a possibilidade do restabelecimento do capitalismo na URSS, já que da mesma maneira é impossível eliminar o capitalismo, tampouco este se pode restaurar progressivamente.” (3)

Os trotskistas lançaram aos quatro ventos sua teoria de impossibilidade de restauração enquanto existisse a mais mínima resistência por parte do Partido Comunista e do Estado. Desde os anos trinta, esta teoria justificará a desproporcionada ajuda a todas as correntes oportunistas e contra-revolucionarias. Nos anos trinta e quarenta também apoiaram todas as correntes e frações oportunistas em sua luta contra a direção marxista-leninista do Partido. Em 1956, aplaudiram o "corajoso-antistalinismo" de Khruschov, convertendo-se em propagandistas de Soljenitsin, o reacionário seguidor do tzar; apoiaram todas as forças reacionárias nacionalistas e fascistas, como também aos dissidentes pró-ocidentais. Propagaram sem rodeios todas as teorias anticomunistas que estavam em moda nos círculos Gorbachovianos, e inclusive destinaram dois terços de seu próprio jornal a artigos de direita, retirados do Notícias de Moscou e do Espoutnik.(4) Resumindo, em nome da teoria da restauração impossível, os trotskistas apoiaram todos os contra-revolucionários até o dia em que não permaneceu nada das idéias e instituições socialistas, criadas e defendidas por Lênin e Stalin.

Uma vez terminada a batalha, Mandel mencionou em uma entrevista posterior aos jornais do Leste, passando cinicamente da teoria de impossibilidade à "restauração": "Excluo a possibilidade de uma restauração gradual, pacífica e imperceptível do capitalismo. Esta é uma ilusão reformista, antes deverão romper a resistência operária...". Mais adiante, continua sua declaração aludindo à trotskysta Catherine Samary, que disse que a restauração é possível, mas se fará "exclusivamente sobre o modelo turco..." (5). A lembrança de uma eventual restauração não influi em absoluto na política trotskysta, que guarda invariavelmente seu objetivo principal: a destruição de tudo o que se aparente ao comunismo. Deste modo três meses mais tarde, a fins de dezembro de 1989, quando se produz o assalto final da contra-revolução, os trotskistas lançam a seguinte consigna na primeira página: "Solidariedade com a revolução que começa no Leste..."(6)

De um lado "a burocracia", de outro "as massas"...

As teses da restauração impossível lhes serviu de camuflagem durante sessenta anos para desertar decendemente e passar ao lado dos anticomunistas.

Stalin, e depois Mao Tsetung, enfatizaram que a luta de classes continua dentro do socialismo; que a luta entre o caminho socialista e o caminho capitalista permanece durante um grande período histórico, e por suposto uma restauração capitalista sempre é possível. Que para manter e fortalecer o socialismo, é necessário um Partido Comunista marxista-leninista autêntico, uma estrutura que em momentos necessários purifique suas fileiras de correntes oportunistas. O socialismo deve se defender contra seus inimigos, contra os restos das velhas classes reacionárias, contra os novos elementos burgueses que renascem durante o novo regime, e contra os agentes do imperialismo.

Mandel e os trotskystas desenvolveram uma "teoria" original para combater estes conceitos: a luta de classes existe na realidade dentro do socialismo... Mas esta luta opõe a "burocracia" às "massas populares". Denunciando violentamente "a burocracia", como o fizeram antes os fascistas, os líderes trotskystas apóiam toda forma de oposição reacionária contra o socialismo, afirmando que este é o sentido de reivindicação e da vontade das "massas populares". Convertendo-se em protetores de todas as forças burguesas e anticomunistas, os trotskystas situam de um lado a "burocracia" que oprime as liberdades democráticas, e ao outro lado as forças da "revolução política" que lutam pelo "socialismo autêntico". Assim escreve Mandel em outubro de 1989: “O sentido principal de todas as lutas políticas atuais não gira ao redor da restauração do capitalismo, e sim que se trata de avançar em direção a revolução-política-antiburocrática, quer dizer salvaguardar o total das liberdades democráticas que as massas conquistaram durante a Glasnost. A luta principal não se situa entre as forças pró-capitalistas e as forças anticapitalistas e sim que é a oposição da burocracia contra o povo.” (7)

Partindo deste ponto de vista, que situa "a burocracia contra as massas", Mandel apóia aberta e explicitamente as forças liberais, social-democratas, monarquistas e fascistas, em sua luta contra os restos do socialismo.

"A Glasnost é trotskysmo..."

No momento que a burguesia internacional reconhecia que a restauração do capitalismo já era um fato, Mandel recebia os elogios da imprensa anticomunista da União Soviética. Seu descaramento chega a tal extremo que o levou a declarar que Gorbachov era um grande revolucionário, retomador das teorias trotskistas. Disse Mandel: agora todos os comunistas do mundo podem ver quem são os verdadeiros revolucionários e contra-revolucionários. Trotsky, os trotskystas, Gorbachov e os seguidores de Gorbachov se encontram no campo da revolução, Stalin e os stalinistas estão no campo da contra-revolução. Mandel declara em Manágua que Stalin representa uma "contra-revolução violenta" (8). Felizmente, graças ao esforço de Mandel e Gorbachov, avançamos em 1990 até a verdadeira revolução.

Eis aqui a declaração de Mandel à Temps Nouveaux: "Temps Nouveaux: Declara Gorbachov que a perestroika é a nova revolução autêntica? Ernesto Mandel: Sim, efetivamente disse isso, e isto é na realidade muito positivo. Nosso movimento tem defendido durante 55 anos esta tese, pela qual se denominou contra-revolucionária. Hoje em dia se compreende bem, na União Soviética e no seio da maioria dos movimentos comunistas internacionais, onde se encontravam na realidade os verdadeiros contra-revolucionários." (9)

Não havia que esperar dois anos, para ver cair a União Soviética em mãos da máfia pró-norteamericana e tzarista, para ver florescer as forças fascistas e zaristas na Rússia e nas outras repúblicas, e para ver diferentes guerras civis reacionárias entre as diferentes facções burguesas da população civil. Isto revela a verdadeira face dos “revolucionários” da Glasnost e da Perestroika; isto demonstra também para que forças políticas Mandel trabalha, este profissional do anticomunismo.

Catherine Samary, outra estrela da IV Internacional, confirmou à imprensa soviética que Gorbachov aplicou o programa desenvolvido por Trotsky. Ela faz o elogio da Glasnost: “Em vosso país não se tem publicado nada acerca da plataforma de esquerda que lutou contra Stalin e que propôs um caminho alternativo para a construção do socialismo. Mas estão vocês em via de adotar essas idéias: construir uma democracia socialista autêntica e a autogestão.” (10)

O apoio de Mandel a Yeltsin

Mandel, ardente partidário da Glasnost de Gorbachov, considera como obrigação própria o apoio às forças mais à "esquerda" de Gorbachov, convertendo-se assim no porta-voz de Yeltsin e Sakharov!

No início de 1989 Mandel apresenta Yeltsin como o representante dos trabalhadores, o homem da democratização, que representa as idéias da classe política consciente da URSS! Mandel escreve em seu livro sobre Gorbachov: "A destituição de Yeltsin (em 11 de novembro de 1987) como dirigente do PCUS é um retrocesso grave no processo de democratização da URSS." (11) "Yeltsin é hoje a personalidade política mais popular entre os trabalhadores soviéticos. Espontaneamente se fizeram milhares de etiquetas com o slogan 'Que regresse Yeltsin'. Tudo isto indica a vontade de uma classe política consciente, disposta a conservar e ampliar as liberdades democráticas parciais obtidas durante o período 1986-1988." (12)

Em 3 de abril de 1989 Mandel dá as boas-vindas "ao nascimento de uma esquerda mais radical e massiva, com três linhas diretivas e progressistas que sobressaem na plataforma de Yeltsin e Sakharov: contra os privilégios da burocracia, por mais igualdade e por um sistema multipartidário." (13)

Sakharov, o representante da "esquerda radical", desfrutara há muitos anos da reputação de agente oficial da C.I.A. na União Soviética. Ele apoiou com entusiasmo a agressão norte-americana contra o Vietnã. Compartilhava da idéia de que os norte-americanos teriam vencido a guerra "se tivessem atuado com mais decisão no campo militar e sobretudo no campo político." (14)

A imprensa internacional tem comentado a admiração de Yeltsin pelo capitalismo norte-americano e reconheceu os contatos de Yeltsin com a C.I.A., durante sua primeira viagem aos EUA. Inclusive um jornal belga de direita como De Gazet van Antwerpen, reconhecia que Yeltsin exagerava ao declarar: "O capitalismo não está em declínio, ao contrário floresce. Com pouco dinheiro se pode comprar tudo. Nas ruas não há nenhum perigo durante a noite. Inclusive os desamparados possuem uma visão positiva da vida." (15) Depois destes propósitos abertamente anti-socialistas Mandel seguia considerando Yeltsin como "a esquerda radical democrática" do partido comunista da URSS!

A princípios de 1990 continuava a imprensa trotskysta demonstrando seu apoio à "democracia radical", e à oposição na União Soviética: "O Moskovkaya Pravda de 23 de fevereiro de 1990 publicou 'a plataforma democrática' da oposição radical democrática dirigida por Yeltsin. A plataforma exige: o exercício do poder pelos soviéticos, eleitos por meio de um sistema multipartidário, a abolição do "rol" dirigente do PC e a aprovação de uma lei que legalize o sistema multipartidário." (16)

Está claro que os trotskystas permanecem apoiando esses pontos de vista de Yeltsin, ao coincidir com sua linha "revolucionária". Mandel chega a um extremo tal, que declara Yeltsin como o novo Trotsky: "Neste momento Yeltsin representa a tendência que está pela enorme redução do aparato burocrático. Ele caminha sobre as pegadas de Trotsky."(17)

Entretanto, em 1991, Yannaviev tratou de improvisar um golpe de Estado, Yeltsin por sua parte preparou um golpe de Estado autêntico que destruía toda a legalidade do sistema existente: foi apoiado por uma mobilização internacional desenfreada de todas as forças imperialistas. Mandel e os trotskystas estavam por suposto ao lado de Yeltsin. "A mobilização, a nova vida propagada por Yeltsin e o rechaço ao sistema anterior mostram o fracasso do que mais parece uma mudança de rota, que um golpe de Estado. Há que se opor contra os líderes, e estar ao lado de Yeltsin para que se desenvolva a auto-organização, o pluralismo político e a liberdade de opinião, que são as únicas garantias das mudanças que se aproximam. Somos partidários da nacionalização das propriedades do Partido Comunista e dos sindicatos oficiais." (18)

Para todos os anti-capitalistas honestos era claro que Yeltsin representava as frações ultra-liberais e pró-norte-americanas da nova burguesia russa, que conservava com muita honra a herança czarista. Não obstante os trotskystas aplaudiram o golpe de Estado contra-revolucionário de Yeltsin, porque este abria caminho à "auto-organização", quer dizer a auto-organização das massas contra o partido comunista, já que o pluralismo introduzia a liberdade para os partidos liberais, social-democratas, fascistas e czaristas. A liberdade para todos os partidos burgueses, acompanhada da inevitável repressão contra as organizações comunistas, inclusive chegando à sua proibição, o que é próprio de todo sistema burguês-pluralista. Um ano mais tarde ninguém podia negar, inclusive a grande burguesia internacional, o caráter de extrema direita e pró-imperialista de Yeltsin.

Como verdadeiros provocadores anticomunistas, os trotskystas se atreveram a intitular: "Segue Boris Yeltsin as pegadas de Josef Stalin?" (19). Este exemplo nos mostra que estes anticomunistas não cedem ante nenhuma baixeza. Eles apoiaram até o final o liberal Yeltsin em sua luta anticomunista e o compararam com seu respeitado chefe revolucionário, o grande Trotsky; e depois de alguns meses, quando a restauração capitalista foi um fato, logo que Yeltsin honrou a memória dos antigos czares, os trotskystas declararam que Yeltsin se parece com seu pior inimigo: Stalin.

"Um grande suspiro de alívio..."

Em abril de 1989, Mandel publicou um livro no qual refletia tudo o que pensava sobre Gorbachov, Yeltsin e sobretudo da Glasnost. Não esqueçamos que dificilmente a burguesia escondia seu entusiasmo pelas mudanças que Gorbachov introduzia. A senhora Thatcher se declarou partidária da Glasnost e da perestroika; a burguesia anunciava o fim do comunismo e o início de uma era de paz, de democracia e liberdade. Com sua dissimulada "linguagem de esquerda" Mandel apoiou como sempre a corrente de costume na burguesia. Em seu livro escreve: "O pesadelo do Stalinismo e do Brezhnevismo está definitivamente superado. O povo soviético, e o proletariado internacional, e toda a humanidade pode dar um suspiro de alívio." (20) Contudo, neste tempo nós temos enfatizado que a contra-revolução no Leste Europeu e na União Soviética foi um triunfo estratégico do imperialismo; isto significava uma catástrofe para o povo dos países ex-socialistas; acentuaria a repressão no terceiro mundo, onde o povo seria a primeira vítima das mudanças. Naquele tempo diziam os trotskystas: "A loucura da direção do PTB se acentua." (21) No mesmo jornal trotskysta, declaravam "o grande suspiro de alívio para a humanidade", prometendo um futuro sem intervenções militares imperialistas para os povos do terceiro mundo! "Os movimentos de massas no Leste Europeu significam também uma ameaça.... para o imperialismo. Uma intervenção internacional do imperialismo no terceiro mundo se faz muito mais difícil." (22) E quando um ano depois a coalizão imperialista dirigiu sua agressão bárbara contra o Iraque, os trotskystas declararam que eles lutavam contra Saddam Hussein e contra os aliados. Entretanto tanto "o suspiro de alívio" no Leste Europeu e na União Soviética, se converteu em um grito de horror ante o desemprego, miséria, pobreza, nacionalismo reacionário e guerra civil.

Sonhando com o "suspiro de alívio", do povo soviético, Mandel intenta dar um broche de ouro à seu livro. Resumimos a última página: "A evolução atual confirma que as previsões de Trotsky, de quase meio século, parecem mais realistas e prováveis: "se o proletariado se fortalece, fica o aparato stalinista flutuando no vento. Se já assim oferece resistência se tomaram medidas, não do tipo guerra civil, mas medidas bem mais policiais. Aqui não se trata em nenhum momento de um levantamento contra a ditadura do proletariado, mas sim de retirar a deficiência." Continua: "A revolução que a burocracia prepara contra ela, não será uma revolução social, como a de outubro de 1917, pois não se trata de mudar a base econômica da sociedade, nem de substituir uma forma de propriedade por outra. Assim será." (23)

É louvável que Mandel se associe ao velho Trotsky em suas análises da Glasnost (que apenas um ano depois servirá para desmascara-lo como irremediável anti-comunista). Depois de 300 páginas de análises, Mandel conclui que a previsão de Trotsky pôde realizar-se graças à Glasnost. Faz meio século que Trotsky se esforçava para provocar um levantamento anti-bolchevique. Como a ditadura do proletariado era consistente, e o Partido bolchevique mobilizava com dinamismo as massas de camponeses e operários, Trotsky se refugiou na sedutora demagogia "esquerdista": se se derroca o Partido "stalinista", a ditadura do proletariado seguirá vigente, e somente se acabaria com "a fraude burocrática". O levantamento desparasitaria um corpo são. Não haverão mais classes reacionárias ou de represália no corpo da sociedade soviética e não haverão novas forças burguesas. O corpo socialista se levantará contra o "parasita stalinista". Trotsky tinha que assegurar aos operários que seu levantamento não mudaria as bases econômicas do socialismo; que em nenhum momento se pensaria em introduzir de novo a propriedade privada. Por suposto! Cinqüenta anos depois daria Mandel as mesmas garantias utilizando estas sentenças como conclusão em seu livro: a Glasnost e o processo de "democratização" na sociedade soviética, levados até o final, conservarão e reforçarão a ditadura do proletariado, e não mudarão nada no que diz respeito as bases econômicas da sociedade. Dois anos depois pudemos assistir ao derrocamento criminal e contra-revolucionário, que foi justificado por estas ardentes palavras.

A "revolução política anti-burocrática" dos trotskystas

Há sessenta anos, os trotskystas insistem em querer erradicar a burocracia nos países socialistas por meio de uma "revolução política". O ódio de Trotsky ao sistema socialista se faz notório em sua caracterização da direção bolchevique da União Soviética: a "casta de novos ricos rapaces", a "oligarquia total", a "nova aristocracia", o bando criminoso de Stalin" (24), a "casta dos novos opressores e parasitas", a "burocracia total", o "grupelho autocrático". (25) Este é o mesmo discurso que podemos encontrar na literatura fascista em finais dos anos trinta.

Segundo Trotsky a mobilização de todas as forças de oposição contra a "burocracia", conduzirá a uma revolução política que libertará à sociedade socialista autêntica dos parasitas burocratas. Esta teoria constitui, segundo o grupo de Mandel, o núcleo da doutrina trotskysta: “A teorização da degeneração burocrática da URSS e da revolução política, é a aquisição programática mais importante do movimento trotskysta. A revolução política e as tarefas que compreendem sua preparação dão a razão de existência da IV Internacional.” (26)

A "Revolução" Encabeçada pela Waffen SS




Provocações a serviço dos nazis

O significado real da teoria da "revolução política" ficou claro no curso das lutas nos anos trinta. Toda a burguesia do Ocidente mostrou sua apreciação positiva por Trotski, por suas "análises profundas da revolução traída". Na realidade Trotsky falava como um possuído anti-comunista e sua fraseologia contra o Partido bolchevique e contra Stalin foram e são aplaudidas ainda pelos ideólogos do imperialismo.

Nos limitamos a dar aqui um exemplo. Em 1982 Henri Bernard, professor emérito da Academia Real Militar da Bélgica, editou um livro para prevenir à opinião pública do perigo soviético. Ele diz: 1934 se parece com 1982, os nazis de ontem se parecem com os comunistas de hoje, o antifascista Einstein encontrou seu seguidor no anticomunista Soljenitsin. (27)

Para mostrar-nos a ameaça que rodeia o Ocidente em 1982, Bernard julgava útil fazer uma jornada histórica pela União Soviética a partir de 1917.

Há aqui algumas frases recolhidas durante esse longo trajeto: “Lenin, como Trotsky, era um ser humano. Sua vida sentimental não era desanimada por nenhuma fineza. Trotsky devia naturalmente suceder a Lênin. Apesar das divergências de opinião, Lenin seguiu conservando grande afeto por Trotsky, e pensava nele como seu sucessor. Ele achava que Stalin era muito violento. No plano interno, Trotsky repelia a burocracia atemorizante que paralisava o aparelho comunista. Enfim, Trotsky sustentava que um regime somente poderia desenvolver-se com uma grande liberdade de opinião, e um espírito construtivo crítico. Engenhoso homem letrado, inconformado e freqüentemente profeta, não pôde se reconciliar com os dogmas primários do Partido.” (28)

Desta forma fala um dos principais chefes do serviço de investigação militar, sobre os méritos de Trotsky.

Em 1938, a agressão de Hitler é uma ameaça constante para a União Soviética, momento no qual o Partido Comunista leva a cabo uma luta definitiva contra os derrotistas e colaboradores, e é precisamente aí, quando o Partido mobiliza todas as forças para a luta gigantesca que se aproxima, que Trotsky leva a cabo sua provocadora agitação, que serviu, sobretudo de argumento aos nazis. Em 1938 se preparavam todos os comunistas e patriotas soviéticos, em corpo e alma, às tarefas políticas e militares em perspectivas da agressão nazi. Os dementes clamores de Trotsky por um levantamento armado encontraram grande repercussão nos piores inimigos do socialismo. Há aqui alguns pontos de vista que Trotsky defendia entre 1938 e 1940.

“Só se pode assegurar a defesa do país por meio da destruição do grupelho autocrático de sabotadores e derrotistas” - 3 de Julho de 1938. (29)

Nesse momento, ante a ameaça nazista, as tensões na União Soviética se faziam maiores. Alguns grupos de oportunistas, para os quais os sacrifícios eram demasiados, e alguns grupos contra-revolucionários, haviam planejado um golpe de estado. A depuração, estritamente necessária em vista das perspectivas de guerra, devia ser dirigida precisamente contra estes grupos. Trotsky deu-lhes um argumento novo para apoiar a agitação contra o Partido: A derrota da URSS pelos nazistas é um fato se Stalin e os stalinistas permanecerem no poder, por isto há que destituir a direção atual do partido por meio de um levantamento. Isto coincidia exatamente com os objetivos dos nazis, que queriam desencadear uma guerra civil para realizar mais facilmente seus planos de invasão.

“Somente a derrocada do grupo separatista do Kremlin poderá restaurar a força militar da URSS. Todos os que de forma direta ou indireta apóiem o stalinismo, todos os que superestimam a força de seu exército, são os grandes inimigos da revolução socialista e dos povos oprimidos.” - 10 de outubro de 1938. (30)

É necessário ter em conta que os nazistas alemães creram nessa propaganda e a apoiaram com firmeza para dar fim ao bolchevismo. Mas depois de 6 meses de guerra tiveram que reconhecer que eles tinham menosprezado as possibilidades militares e a combatividade dos Soviéticos.

“Só um levantamento do proletariado Soviético contra a tirania vergonhosa dos novos parasitas pode salvar o que resta nas bases da sociedade das conquistas de outubro” - 14 de novembro de 1938. (31)

“As conquistas da revolução de outubro só podem servir ao povo se são capazes de atuar contra a burocracia stalinista, como quando atuaram contra a burocracia czarista e a burguesia. (...) Isto somente se pode conseguir de uma maneira: Por meio do levantamento dos operários, dos camponeses e dos soldados do Exército Vermelho contra a nova casta de opressores e parasitas. Para preparar um levantamento desta magnitude se necessita um novo partido, a IV Internacional” - Maio de 1940. (32)

Os leitores terão notado a data na qual esta prosa delirante se produziu: maio de 1940. Há 7 meses atrás a Inglaterra e França haviam declarado guerra à Alemanha de Hitler; dois meses antes a Finlândia, aliada à Alemanha, rendia-se à União Soviética após três meses de guerra. Stalin tentou por todos os meios ganhar tempo sabendo que a agressão nazista poderia ser levada a cabo em qualquer momento. Entre estas circunstâncias Trotsky lançou provocações escandalosas e criminosas, fez um chamado ao povo e mais tarde ao exército contra a “nova classe de parasitas”. Naquele tempo por sorte esta terminologia era muito popular entre os seguidores de Hitler. Como os bolcheviques não poderiam ter chegado à conclusão de que Trotsky havia desviado-se de tal maneira, que atuava agora como um agente de Hitler?

Devido às suas declarações anticomunistas, durante o período de 1938-1940, Trotsky e os pequenos grupos de seus assistentes haviam convertido-se em provocadores, conscientes e inconscientes, à serviço dos nazis. Mas eles não puderam exercer a mais mínima influência no desenvolvimento dos combates. Graças a um gigantesco esforço na organização e mobilização popular, do Exército Vermelho e dos grupos guerrilheiros, graças aos esforços sobre-humanos no campo da produção militar e da construção de novas fábricas, os bolcheviques foram capazes de preparar eficazmente o país para uma confrontação inelutável contra os criminosos nazis.

Ao término da guerra antifascista os pequenos grupos de trotskystas no mundo inteiro estavam completamente desonrados e isolados. Kruchov deu oportunidade aos trotskystas anticomunistas de levantar-se com a crítica ao gigantesco trabalho do camarada Stalin utilizando as mesmas palavras da reação mundial. Por isso hoje a linha de Kruchov que foi aprofundada e ampliada por Brezhnev e Gorbachev deu base à restauração do capitalismo selvagem.

Nesse sentido, dizemos atualmente que aqueles que não são capazes de reconhecer o caráter provocador, anticomunista e pró-fascista das mencionadas teses de Trotsky, não são verdadeiros comunistas.

Mandel apóia os nazis ucranianos

Observemos agora que forças políticas e sociais têm sido apoiadas pelos trotskystas desde a Segunda Guerra Mundial em nome de sua "revolução política".

Quando em 1941 os nazis invadiram uma parte da União soviética, fundaram e apoiaram na Ucrânia um movimento nacionalista e pró-nazi que assassinava milhares de judeus, polacos e comunistas. Em 1944 em sua partida os nazis deixaram grupos fascistas ucranianos treinados por oficiais alemães nazis. O grupo de Mandel aplaudiu esta contra-revolução nazi, como se esta fosse uma parte da "revolução política antiburocrática"! Incrível? Julgue você mesmo.

Em 1988 escrevia Mandel: "Durante a Segunda Guerra Mundial a IV Internacional subestimou o potencial revolucionário do movimento nacionalista ucraniano. A Internacional tão só percebeu a existência do movimento revolucionário de liberação nacional cinco anos depois da guerra, quando os combatentes ucranianos liberaram sua última batalha" . (33)

Aqui os trotskystas permitiram ser vistos claramente como provocadores a serviço direto dos nazi. Os trotskystas utilizaram nesta oportunidade a mentira que, desde 1945, foi divulgada pelo serviço norte-americano de informação, segundo o qual os nacionalistas ucranianos lutavam contra Hitler e contra Stalin. Qual será a verdade? Em uma revista para ex-combatentes da frente oeste, relatava um oficial alemão da Waffen-SS suas experiências na Ucrânia. Ele reconhece que o povo ucraniano "encontrava-se muito defraudado com a política alemã durante a invasão ". Antes retirar-se o exército alemão havia formado a divisão Galícia da Waffen-SS que estava composta por ucranianos e dirigida por militares alemães. Melnik, o comandante do Exército insurrecional ucraniano tomou "a responsável decisão de lutar em duas frentes: contra os soviéticos e contra os alemães"(contra os alemães... que já estavam se retirando). O oficial nazi descreve as lutas que ele liderou em Julho de 1944 junto com "seus ucranianos" contra o Exército Vermelho. "O fato de que soldados alemães e ucranianos combateram em conjunto o inimigo comum deu-lhe uma nova dimensão à história das relações nazi-ucranianas.” (34)

Realmente é uma realidade maravilhosa esta revolução política trotskysta encabeçada pela Waffen-SS!

Com a contra-revolução em Berlim e Budapeste

A grande maioria da população alemã apoiou ativamente o regime de Hitler durante toda a guerra. Cinco anos depois da derrota a influência dos nazis estava presente, tanto na Alemanha Ocidental como na Oriental. Na Ocidental os velhos nazis e seus colaboradores continuaram à frente das grandes empresas, magistratura e do exército. A guerra fria desatada pelos Estados Unidos e Inglaterra, conservou o anticomunismo entre esses que na RDA sentiam saudades do sistema anterior. Quando em 1953 na Berlim oriental rebenta uma revolta dirigida por velhos nazis e apoiada pelo grupo do General Gehlen (ex-chefe do serviço secreto nazi que havia desertado para a C.I.A.), Mandel aplaudiu esta "luta antiburocrática". "A casta burocrata não retrocede ante às piores crueldades, esta lição histórica foi escrita com sangue no muro de Berlim em 1953 ". (35)

Na Hungria o regime fascista de Horthy havia imperado sem trégua de 1919 até 1944.

Em 1956 explode a contra-revolução húngara, desatada pelos fascistas com o apoio da C.I.A.; Mandel aplaudiu: "A revolução húngara de outubro-novembro de 1956 é a que tem chegado mais longe em direção à revolução política antiburócratica". (36)

Nós queremos acrescentar aqui que aqueles que em 1989 em Budapeste pediram o livre comércio e a aliança à OTAN declaravam com isto a realização do programa de levantamento anticomunista de 1956. Com isso honraram a memória de seu "Herói Nacional", Imre Nagy que em 31 de outubro de 1956 se retirou do Pacto de Varsóvia e declarou com isso a "neutralidade" da Hungria... esta era de fato a frase mais repetida que se formulou na Rádio Europa Livre. (37) A imprensa trotskysta aprovou as grandes manifestações anticomunistas do verão de 1989 na Hungria. Assim escreve Mandel: "Nesta semana protestaram um milhão de pessoas em Budapeste, rendendo homenagem à memória do camarada Imre Nagy, líder comunista do governo desta revolução, fuzilado pelos stalinistas". (38) (Entre parêntese, a imprensa fascista também fez homenagens a Nagy, este partidário nacionalista executado pelos stalinistas...). O mesmo jornal trotskysta foi ainda mais longe: " Imre Nagy teve que pagar com sua vida por sua ação valorosa ao lado dos conselhos de operários na grande Budapeste. Estes conselhos exigiam a democracia dentro do socialismo". (39)

No livro "A URSS e a Contra-Revolução de Veludo" dedicamos um capítulo à análise da contra-revolução de 1956 na Hungria.

Com o Solidarnosc e a Glasnost




Com o Solidarnosc, o "Poder Operário”

O Solidarnosc foi apresentada pelos trotskystas como uma organização comprometida na luta contra a burocracia stalinista e pelo socialismo proletário! A IV Internacional escreve em 1980: "Solidarnosc trabalha, pelo menos a nível local e regional, objetivamente visto, cada vez mais como um órgão de duplo poder; a revolução política antiburocrática tem apenas quase começado na Polônia. A experiência polaca mostra o conteúdo da revolução proletária das exigências democráticas e nacionais nos estados operários burocratizados."(40)

O trotskystas queixam-se já em 1981 que o Solidarnosc não quer tomar o Poder, embora eles representem o Poder alternativo, o dos trabalhadores."O povo está desarmado pela incapacidade do Solidarnosc de tomar o Poder: seria trágico neste momento se o ódio do totalitarismo chegasse a desarmar os trabalhadores que estão confrontando-se com uma ditadura totalitária. O que existe agora contra o Estado é a força dos trabalhadores polacos."(41) E quando Solidarnosc estende em 1989 com a ajuda de Reagan, Bush e Sra. Thatcher e de todos os serviços de inteligência do Ocidente e está pronta para tomar o poder, Mandel ainda não mudou de opinião no que corresponde à natureza autêntica da Solidarnosc e declara: "O governo da Solidarnosc é uma vitória para a classe operária." (42)

Com a CIA, na Tchecoslováquia

Em 1990, na Tchecoslováquia Vaclav Havel, geralmente conhecido como colaborador da Rádio Europa Livre e da C.I.A., toma o poder nomeando o famoso trotskysta Peter Uhl como diretor da agência de imprensa tchecoslovaca, porta-voz oficial do novo estado burguês pró-norte-americano! Uhl escreve: "Se pode discutir até que ponto tem sido justificada a teoria de Trotsky sobre a revolução política. Eu penso que é na Tchecoslováquia onde a realidade mais se aproxima desta teoria ". (43) Em 12 de novembro Mandel pondera a mesma coisa, e leva esta idéia até o absurdo: ele compara a contra-revolução tchecoslovaca... com a grande Revolução de Outubro! Em seu resumo os trotskystas escrevem: "Nosso Camarada Ernesto Mandel tem confirmado mais claramente que nunca de que não há nenhuma dúvida: o que nós vivemos agora na Tchecoslováquia e na RDA é a verdadeira revolução com uma magnitude e uma profundidade sem precedentes desde a Revolução Russa de 1917 ". (44)

Peter Uhl deu uma descrição extraordinária da "revolução política" na Tchecoslováquia, como uma revolução anticomunista levada a cabo pela frente de todas as forças reacionárias: "Haverá alguns que veriam na Carta 77 um passo para a revolução política, eu também; outros verão nela uma forma para pregar a palavra de Cristo; era um autêntico laboratório de tolerância." "Enquanto que se trata de dizer que se está contra o ' comunismo', contra o stalinismo, contra a burocracia, todo o mundo está de acordo ". (45) A Linda descrição da frente desse clérigo fascista, os nacionalistas reacionários, os sociais-democratas, os agentes da Rádio Europa Livre e do trotskystas em serviço.

Acrescentamos o que os trotskystas nos ensinaram em 1989: "Que a história da Tchecoslováquia tem tomado uma revanche fantástica. A honra de Dubcek se restabelece".(46) Embora verdadeiros comunistas pudessem divergir da opinião sobre a questão se a intervenção soviética de 1968 era justo ou não, não haverá dúvidas no que concerne à análise unânime da "Primavera de Praga" como uma contra-revolução no molde social-democrata.

Em "A URSS e a Contra-Revolução de Veludo", nós dedicamos um capítulo completo a Tchecoslováquia entre 1968 e 1989 onde se esclarece a relação entre as idéias social-democratas de Dubcek em 1968 e as da revolução de veludo de Havel e de Uhl. Também se comentam os pontos de vista de Castro, que apoiou a intervenção, e da China que a condenou.

A revolução proletária na RDA!

Desde setembro de 1989, a burguesia revanchista da República Federal Alemã apoiou com grandes meios econômicos, com seu rádio e televisão a agitação anticomunista na RDA. O grupo de Mandel assegura que "uma verdadeira revolução política começa". (47)

Duas semanas depois, Mandel dá boas-vindas à revolução proletária na RDA! "O sucesso do movimento de massas que tem sacudido a RDA possui a magnitude de uma verdadeira revolução. Este movimento ultrapassa tudo que se tem visto na Europa desde 1968, talvez, desde a revolução espanhola. O caráter proletário com o qual a revolução iniciou-se na RDA é demonstrado pela imensa desordem nas fábricas ". (48) Um mês depois, em dezembro de 1989 a excitação de Mandel chegou a seu último patamar: "Estou realmente entusiasmado com tudo aquilo que acontece em Berlim. Tudo o que Rosa Luxemburgo, Trotsky e Lenin algum dia esperaram, é realizado agora. A primeira revolução, desde a revolução dos países baixos, no século XVI que não é ameaçada por uma intervenção militar internacional. Nos encontramos diante da primeira geração alemã, após duzentos anos, completamente antimilitarista e antinacionalista. O que estimula meu entusiasmo é a magnitude e a força deste movimento popular. Dos quinhentos mil habitantes de Leipzig, de 200 a 300 mil deles partiram às ruas durante oito segundas-feiras consecutivas. Na Alemanha Oriental a corrente anti-socialista está escassa. Ninguém pode dizer onde sucederá a próxima revolução na Rússia, França, África do Sul ou Espanha, mas o que é certo é que as revoluções na Alemanha Oriental e na Tchecoslováquia terão seus frutos". (49)

Para ilustrar o caráter socialista destes movimentos, a IV Iternacional cita uma declaração de... um grupo social-democrata. Porém é exatamente a social-democracia um dos fortes do imperialismo alemão como potência expansionista. A estratégia e a tática que Willy Brandt utilizou para infiltrar e influenciar o partido comunista da RDA, para dividi-lo e deste modo destruí-lo, tiveram um papel muito importante na degeneração oportunista da S.E.D.

Os trotskystas citaram o seguinte texto: "A democratização necessária na RDA pressupõe uma oposição ao poder, e à pretensão do partido dominante de ser porta-voz da verdade. Para nós, a formação de um partido social-democrata é muito importante. Nossas orientações programáticas: formação de um Estado de direito, democracia parlamentar e pluripartidarismo; economia social de mercado com uma proibição à formação de monopólios; e a liberdade de estabelecer-se sindicatos independentes." (50)

Deste modo os trotskystas apresentam um programa que louva abertamente o regime burguês, como ilustração do caráter "proletário" da "revolução política" que se está levando a cabo...

A Glasnost e o sistema multipartidário contra os "stalinistas” Mandel estabeleceu três critérios para distinguir os seguidores do "stalinismo", e das forças que estavam a favor do caminho ao "socialismo democrático e autogestionário: a posição com respeito a Glasnost de Gorbachev, ao rol do partido comunista, e à repressão na praça Tien An Men (51).

"Que viva a Glasnost!”

"Definimos a Glasnost como um processo de mudanças políticas que ampliam o exercício das liberdades "democráticas", Mandel escreveu. (52)

No livro "A URSS e a Contra-revolução de Veludo", oferecemos um capítulo completo para demonstrar que os cinco anos da Glasnost, prepararam sistematicamente os espíritos para toda a restauração do capitalismo integral; que a Glasnost ressuscitou os ideais da grande burguesia russa de 1917; que a Glasnost deu a voz à todos os anticomunistas, a agentes da CIA como William Colby, seu diretor anterior, ou ao Pastor Moon, aos seguidores do czarismo e da igreja ortodoxa czarista, a antigos colaboradores nazistas e aos homens de Vlassov e de Bandera.

Mandel falava de liberdades democráticas em geral sem caráter de classe, no momento em que Gorbachev dava liberdade a todos os contra-revolucionários que queriam enterrar as últimas estruturas e influências socialistas. O princípio fundamental do Leninismo é que o socialismo é uma ditadura de classe que une os trabalhadores, contra as forças da burguesia, contra os exploradores. Lenin diz: "Reconhecemos que toda a liberdade, se não está subordinada a libertar o trabalho da opressão capitalista, é um engano". (53)

"Abaixo o partido único!”

A Glasnost deu voz a todas as correntes anticomunistas, e tornou possível que todas as forças capitalistas e pró-imperialistas se organizassem e lutassem abertamente pela restauração. Mandel aplaudiu em 1989 a instauração de partidos anticomunistas e contra-revolucionários na URSS. "O começo de eleições autênticas, como hoje se manifesta na URSS, é um grande passo a frente. Mas necessita-se de eleições livres, com liberdade para constituir tendências, frações e partidos diversos, sem restrições ideológicas". (54)

Entre 1989 e 1990, Mandel logra encontrar seu maior sonho que é a legalização "de partidos diversos sem restrições ideológicas", como também a possibilidade de que a burguesia soviética se manifeste por meio de partidos social-democratas, liberais, democrata-cristãos, nacionalistas-czaristas, etc. Este pluralismo burguês marcou o fim do socialismo e trouxe a restauração completa do capitalismo. Hoje, a prática da luta de classes tem demonstrado o caráter e a natureza desta exigência fundamental dos trotskystas. Com isto, uma vez mais se comprova a verdade que tantas vezes foi repetida pelo Partido bolchevique e o camarada Stalin: o trotskismo é a social-democracia de direita, escondida na verbosidade de "esquerda". No capítulo: "Partido único ou pluripartidarismo", Mandel diz: "Se supõe-se que tão somente se podem legalizar aqueles partidos e organizações que não tenham programas burgueses (e pequeno-burgueses)? Onde traçar a linha de demarcação? Serão proibidos partidos que tenham membros majoritariamente proletários, mas que defendem uma ideologia burguesa? Onde se porá a linha demarcatória entre um "programa burguês" e a "ideologia reformista"? Então, é necessário proibir os partidos reformistas? É necessário suprimir a social-democracia? (...) Nenhuma democracia proletária autêntica é possível sem a liberdade de estabelecer um sistema multipartidário."(55)

Sim, Lenin proibiu os partidos social-democratas, quer dizer o menchevistas e os social-revolucionários, porque esses lutaram durante a guerra civil ao lado do czarismo, da burguesia e dos exércitos intervencionistas; e porque esses foram derrotados junto com as forças feudais e da burguesia. E Lenin enfatizou tantas vezes que um representante inteligente da grande burguesia, Milioukov, compreendeu perfeitamente que durante o primeiro período tão somente um partido social-democrata de "esquerda" teria possibilidades de mobilizar as massas na luta antibolchevique.

"Não reprimir a contra-revolução!”

O trotskysmo nunca perderá de vista seu inimigo, o marxismo-leninismo e o movimento comunista internacional. Por isso Mandel concentra todos os seus esforços contra aqueles que denunciam os processos contra-revolucionários. Durante 1989, duas tendências políticas intentaram enfrentar a contra-revolução em marcha. Em primeiro lugar, forças no Leste Europeu que durante muitos anos mostraram inclinações durante muitos anos oportunistas do tipo de Kruchov, e que com respeito à União Soviética mostraram um cego seguimento, mas que começaram a dar-se conta das verdadeiras intenções de Gorbachev; e em segundo, o Partido Comunista Chinês, que reprimiu a revolta anti-socialista em Pequim.

Para acelerar o processo de restauração na União Soviética, Gorbachev deu luz verde às forças anticomunistas no Leste Europeu, intentando impedir que os autênticos comunistas construíssem uma frente de anti-restauração. Ao mesmo tempo, a restauração no Leste Europeu teve que encorajar e ajudar os "reformadores" da URSS.

Quando a restauração praticamente havia sido culminada na Polônia e Hungria, Mandel disse: "O Leste Europeu está neste momento abalado por uma crise sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário do que uma análise superficial possa fazer parecer, a burguesia européia não vê com bons olhos esta desestabilização. Ela não mantém nenhuma esperança de recuperar os países do Leste para o capitalismo". (56) Um ano depois, essa afirmação deixou Mandel como o palhaço da contra-revolução. Mas serviu para justificar a ajuda às forças anti-socialistas em sua agressão contra a "burocracia". Mandel minou toda vigilância contra a nova burguesia e o imperialismo.

Ao mesmo tempo, Mandel estabeleceu uma vigilância inigualável contra as débeis forças comunistas que resistiam à ofensiva da burguesia! "Está sendo organizada uma espécie de "frente internacional" anti-Gorbachev que inclui aqueles chamados "conservadores" na Romênia, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, minorias neo-stalinistas na Polônia e Hungria". (57)

Em abril de 1989, Mandel dá boa-vindas ao evidente progresso da restauração burguesa na Polônia e Hungria, a qual chama de "experiência pluralista". Havel é seu herói e os opositores à restauração são inimigos inflexíveis. "No momento em que a Polônia e Hungria dão os primeiros passos numa experiência limitada de pluralismo, a direção de Praga reafirma o princípio do "rol dirigente do partido" (...) A imprensa na Alemanha Oriental continua apoiando a repressão na Tchecoslováquia, e estimula a formação do eixo Praga-Berlim-Bucareste contra a Perestroika. Para Havel, o Neues Deutschland é considerado provocativo". “Enviem mensagens de solidariedade a Vaclav Havel na prisão”. (58) Para os trotskystas cada repressão às forças anti-socialistas, cada encarceramento de agentes subversivos que trabalham para a CIA, como Havel, é um crime monstruoso.

Em maio de 1989, os estudantes anticomunistas de Pequim haviam aclamado Gorbachev gritando: "Que viva a Glasnost e a perestroika"! e "Que viva Solidarnosc"!. Quando em 4 de junho de 1989 as revoltas contra-revolucionárias foram reprimidas, Mandel se pôs ao lado da extrema-direita internacional, naquele momento dirigida pelo Kuomintang, o Partido Fascista no Poder em Taiwan. Numa primeira reação aos acontecimentos de Pequim, Mandel escreveu: "A casta burocrática...não retrocede ante os crimes mais repugnantes. Esta lição da história já foi escrita com sangue no muro de Berlim em 1953, em Praga em 1968, em Gdansk em 1970 e em Varsóvia em 1981. A magnitude das crueldades em Pequim tão somente podem ser comparadas com a maneira como se aplastou a revolução húngara em 1956. (...) Os verdugos de Pequim, contudo não ganharam a batalha e o povo chinês hoje se levanta. A insurreição se expande pelo país. O exército se desmorona e uma verdadeira guerra civil ameaça". (59) Como os fascistas de Taiwan, os trotskistas esperavam que desatasse na China uma "verdadeira guerra civil" contra a classe burocrática. Depois Mandel fez uma análise teórica na qual assegura o seguinte: "A comuna (!) de Pequim em abril-maio de 1989, foi o início de uma real revolução política que tentou substituir o poder corrupto e ineficaz de uma casta de burocratas pelo poder autêntico das massas populares. (...) As massas que se levantaram em Pequim não tinham nenhum interesse em restabelecer o capitalismo. Tampouco era seu objetivo". (60)

Embora não fossem os únicos, felizmente, que deviam salvar a honra, rapidamente declararam: "Tão somente a ala esquerda do partido comunista da URSS tem salvado a honra do comunismo". Hoje estamos orgulhosos de ir mão a mão com outros comunistas em nosso protesto contra a repressão sangrenta na China. A primeira reação foi de Boris Yeltsin. "O que sucede na China é um crime", declarou o membro recentemente eleito do Soviet Supremo." (61) Por suposto, Mandel estava orgulhoso da companhia de Yeltsin.

No ensaio "Tien An Men 1989: do rumo revisionista ao levantamento contra-revolucionário", demonstramos o verdadeiro caráter do movimento de Pequim.

Fang Li-Zhi, indiscutivelmente o pai espiritual do "protesto" estudantil de Pequim, declarou 17 de janeiro de 1989: "O socialismo, tipo Lenin-Stalin-Mao está completamente desacreditado. É compatível a forma típica chinesa de regime ditatorial, com o mercado livre? A ditadura socialista está entrelaçada com o sistema de propriedade coletiva e sua ideologia é contrária ao direito de propriedade exigido pelo livre mercado". Três dos principais líderes de Pequim, Yan Jiaqi, Wuer Kiaxi e Wang Runnan, se refugiaram na França e lá estabeleceram a Federação para a Democracia. Eles fixaram os objetivos em seu programa: “Desenvolver uma economia de iniciativa privada e pôr fim à ditadura do partido único”. Em nome do sistema multipartidário, esses se anexaram ao partido fascista do Kuomintang. Wuer Kiaxi louvado na imprensa trotskista, se reuniu em 29 de janeiro de 1990 com o chefe do serviço de Espionagem Taiwanês na República Popular da China. Para ele, John Chang, lhe declarou: "A comunicação entre os chineses anticomunistas é o primeiro passo para a unidade". Yan Jiagi e Wang Runnan também visitaram Taiwan. Yan declarou que o fato de que Taiwan tenha um governo democrático nos dá boas-vindas. Isto me parece a base mais importante para a unificação de Taiwan e a China continental". Yueh Wu, o líder da chamada União Operária Independente", tão querido pelos trotskystas, chegou a Taiwan em 16 de junho de 1990 ... convidado pela Liga Mundial Anticomunista. (62)

Deste modo, em seu intento para diferenciar os stalinistas que defendem os princípios marxista-leninistas, dos seguidores do "socialismo multipartidário", Mandel lançou um terceiro critério: "Outro indicador é a posição com respeito à repressão sangrenta da Comuna de Pequim. Quase todos os partidos que são seguidores da Glasnost, os encontramos novamente entre aqueles que condenaram as crueldades na praça Tien An Men". (63)

Os "stalinistas" de Pyongyang até Havana

Em outubro de 1989, Mandel classifica como forças "stalinistas" os partidos comunistas da China, Alemanha Oriental, Vietnã, Romênia, Tchecoslováquia, Bulgária, Japão, Índia (o PCI-marxista), Coréia do Norte, Albânia, Portugal e aos grupos os quais ele classifica como pró-albaneses e maoístas. E também ao Partido comunista cubano.

Quando Mandel declara que "o partido comunista cubano ocupa uma posição especial", faz referência à sua tática particular, com respeito à Cuba, para ajudar à destruição do Partido comunista. Isto é esclarecido com base na seguinte tese que propõe: “Os ataques de Fidel Castro e da direção cubana contra a Glasnost, isto quer dizer, contra o processo de democratização parcial que está à frente na URSS, são contrários aos interesses do proletariado soviético, do proletariado mundial e aos da revolução cubana.

Eles arriscam provocar uma verdadeira crise de legitimidade da direção cubana, ante a uma parte das massas, sobretudo na mocidade". As limitações de liberdade de pensamento se fazem cada vez mais abundantes em Cuba".

O Partido comunista "substitui" às massas. "Este doloroso retrocesso ideológico, a longo prazo é um suicídio". Castro não pode combater eficazmente "a degeneração burocrática do Estado cubano" porque ele rejeita a Glasnost, a democratização pluralista, o controle institucional pelas massas". Não lhe resta nada mais do que a luta burocrática contra a burocracia. Ele entra no caminho a uma derrota como temos visto na URSS e na República Popular da China" (64) Isto mostra que o ódio dos trotskystas "ao regime burocrático unipartidário", se estende até o "Partido único Cubano". Se a sua tática de aproximação difere, é porque estão convencidos que podem destruir mais eficientemente o movimento comunista na América Latina, por meio da infiltração no partido comunista cubano e os partidos próximos a Cuba. Isto foi claramente demonstrado no trabalho destrutivo que estes anticomunistas executaram durante dez anos no interior da Frente Sandinista. Agora eles esperam poder aproximar-se à ala "progressista, anti-burocrática e reformista" do Partido comunista cubano. Eles esperam que os contínuos encontros dos cubanos com os soviéticos será o bastante para haver formado partidários da Glasnost e do pluripartidarismo.

Entre tempos, tivemos a oportunidade de verificar, na ex-URSS e no Leste Europeu, as conseqüências que os conselhos de Mandel deixaram: triunfo da contra-revolução; uma restauração total do capitalismo; ressurgimento do fascismo e do nacionalismo reacionário; um capitalismo do mais selvagens, onde os super-ricos têm levado milhões de pessoas à miséria, à guerra civil. Não existe nenhuma dúvida de que o Partido comunista Cubano tomara as medidas necessárias para impedir a infiltração destes contra-revolucionários e anticomunistas profissionais.

Nota explicativa ao leitor

Ao texto sobre o trotskysmo, do PTB, nós somamos um trabalho que abrange uma conferência que deu o c. Sérgio Ortíz, do Partido de Libertação da Argentina em novembro de 1987 perante quadros e militantes do PL.

Este texto é um complemento útil à informação retirada no folheto do PTB e por isso pedimos a autorização do autor de distribuir ambos os documentos juntos.

Numa recente nota sobre este documento, o autor abrange certos aspectos sobre a posição trotskysta relativa a Cuba, que nós reproduzimos aqui:

"Os trotskistas maltratam a Cuba socialista como se esta fosse o "mal da película". Todos eles pegam duro contra o governo de Fidel Castro, com algumas matizes. O mais obstinado na Argentina é o MAS, que em seu ato do último Primeiro de maio (Praça Onze em Buenos Aires) incluiu esta consigna de convocação: "Fora Castro e os capitalistas de Cuba". O P.O. por outro lado, reivindica "liberdades democráticas e de organização para as massas cubanas exploradas”.

Nós defendemos fervorosamente Cuba como bandeira socialista ao vento latino-americano, que segue ondulando apesar do duplo bloqueio e das cruzadas pró-yankes como as do presidente Carlos Menem. Somente nesse ponto manifestamos nossa crítica fraterna mediante certos fatos (como por exemplo o endosso cubano à candidatura da Argentina para integrar o Conselho de Segurança da ONU).

O trotskistas tratam a Cuba bloqueada com punho de ferro e, por outro lado, enchem de elogios a contra-revolução que restabeleceu o capitalismo na ex-URSS e no Leste Europeu, e que fortaleceram a capacidade de manobra do G-7. Sem o fortalecimento tático do imperialismo não se explicaria sua agressividade no Panamá, na Guerra do Golfo, Somália, a lei Torricelli contra Cuba, etc. A posição trotskysta significou, além da vontade de abnegados militantes que tem na base, fazer o jogo do imperialismo. Ao pior do imperialismo. Assim são os trotskystas: intolerantes com a única revolução socialista da América Latina e joviais admiradores da contra-revolução de ' 89 e ' 90, de Thatcher, Bush e Menem (verdadeira restauração capitalista prevista em seu tempo não pelos trotskystas mas por um inimigo destes, o grande revolucionário marxista Mao Tsé-Tung).

Que tenha começado a resistência operária na Rússia, Polônia, Alemanha, etc.. contra os governos restauradores, não desculpa os trotskystas que favoreceram a restauração e semearam uma grande confusão política ao qualificá-la de "revolução proletária". De semelhantes traições não se pode sair com sequer alguma autocrítica; muito mais difícil no caso do trotskystas, tão hostis à menor autocrítica . No tema da revolução e contra-revolução russa lhes resultará impossível acertar a menos que se apartem da linha de seu inspirador, Leon Trotsky, que enfrentou Lenin em 1902 e daí em diante. (Nota do autor, Argentina, 29.06.93).”



(1) Trotsky, L'appareil policier du stalinisme, Ed.
Union générale d'éditions, 1976, Collection 10-18, p.26

(2) Mandel, Inprecor, n° 295, 16-29 octobre 1989, p.20.

(3) Mandel, Où va l'URSS de Gorbatchev?, Ed. La Brèche, Montreuil, 1989, p.20 et 23.

(4) Rood, n° 14, 15 août1989

(5) Rood, 24 octobre 1989, p.6-7

(6) Rood, n° 24, 26 décembre 1989, p.1.

(7) Mandel, Inprecor, n° 295, 16-29 octobre 1989, p.20.

(8) Inprecor, 11-24 septembre 1992, p. 19.

(9) Temps Nouveau, n° 38-1990, p.41-42.

(10) Catherine Samary dans Argumenti e fakti, 2 décembre 1989, Inprecor, n° 302, 9-23 février 1990, p.27.

(11) Mandel, Où va l'URSS de Gorbatchev?, Ed. La Brèche, Montreuil, 1989 p. 303.

(12) Ibidem, p.305-306

(13) Inprecor, n° 285, 3 avril 1989, p.4.

(14) Sakharov, Mon pays et le monde, Ed. Seuil, 1975, p.75.

(15) Gazet van Antwerpen, 18 septembre 1989, p.6.

(16) Inprecor, n° 304, 9-22 mars 1990, p.36.

(17) Mandel, Financieel Ekonomische Tijd, 23 mars 1990: Ernest Mandel, Gorbatchev is te vergelijken met Roosevelt en De Gaulle.

(18) Inprecor, hors série, 29 août 1991, p. 1-3.

(19) Harry Mol, Rood, n° 2, 22 janvier 1992, p.20.

(20) Mandel, Où va l'URSS de Gorbatchev?, Ed. La Brèche, Montreuil, 1989 p.23.

(21) Rood, 9 janvier 1990, p. 10.

(22) Ibidem, p. 12.

(23) Mandel, Où va l'URSS de Gorbatchev?, Ed. La Brèche, Montreuil, 1989 p.340.

(24) Trotsky, L'appareil policier du stalinisme, Union gén. d'Editions, Paris, 1976, Collection 10-18, p.193, 256, 257, 247.

(25) Trotsky, La Lutte antibureaucratique en URSS, Union gén. d'Editions, 1975, p.300, 301, 169, 213.

(26) Turpin Pierre, Le trotskysme aujourd'hui, Ed. L'Harmattan, Paris, 1988, p.61-62.

(27) Bernard Henri, 1982, p.9.

(28) Ibidem, p.48-49.

(29) Trotsky, L'appareil policier du stalinisme, Union gén. d'Editions, Paris, 1976, Collection 10-18, p.169

(30) Ibidem, p.188.

(31) Ibidem, p.206.

(32) Ibidem, p.302-303.

(33) Turpin Pierre Le trotskysme aujourd'hui, Ed.
L'Harmattan, Paris, 1988, p.23.

(34) Berkenkruis, juni 1992, n° 6, p.4-5, reprennant un article de Der Freiwillige, octobre 1956.

(35) Rood, 6 juni 1989, p.2.

(36) Inprecor, XIe Congrès mondial de la IVe Internationale, novembre 1979, p.250.

(37) Martens Ludo, L'URSS et la contre-révolution de velours, Ed.
EPO, Bruxelles, 1990, p.107.

(38) Rood, 20 juin 1989, p. 6.

(39) Rood, n° 12, 20 juin 1989, p.12.

(40) Inprecor, n° 105, 6 juillet 1981, p.14.

(41) Sean Connoly, Inprecor, n° 108, 14 sept. 1981, p.24.

(42) Mandel, Inprecor, n° 283, 6 mars 1989, p.4.

(43) Petr Uhl, Inprecor, n° 304, 9-22 mars 1990, p.26.

(44) Rood, 26 décembre 1989, p.5.

(45) Inprecor, n° 296, 30 octobre - 12 novembre 1989, p.4.

(46) Rood, 26 décembre 1989, p. 8.

(47) Inprecor, n° 296, 30 octobre - 12 novembre 1989, p.4.

(48) Mandel, Inprecor, n° 297, 13-26 novembre 1989, p.3.

(49) Humo, 21 décembre 1989, p.18-20.

(50) Groupe d'Initiative pour un Parti Social-Démocrate en RDA, 12 septembre 1989, dans Inprecor, n° 297, 13-26 novembre 1989, p.10.

(51) Inprecor, n° 295, 16-29 octobre 1989, p.15-16.

(52) Mandel, Inprecor, n° 295, 16-29 octobre 1989, p. 15.

(53) Lénine, Le Ier Congrès de l'enseignement extra-scolaire, 19 mai 1919, t.29, p.356-362.

(54) Mandel, Inprecor, n° 283, 6 mars 1989, p.4.

(55) Inprecor, numéro spécial, IXe Congrès mondial, 1979, p.236-237.

(56) Mandel, Inprecor, n° 283, 6 mars 1989, p.4.

(57) Inprecor, n° 283, 6 mars 1989, p 3.

(58) Inprecor, n° 287, 1er Mai 1989, p.8-9.

(59) Rood, 6 juin 1989, p.2.

(60) Rood, 20 juin 1989, p. 6-7.

(61) Rood, 20 juin 1989, p.6 et 12.

(62) Tien An Men 1989: de la dérive révisionniste à l'émeute contre-révolutionnaire, dans Etudes marxistes, n° 12, septembre. 1991, Bruxelles, p. 62-63.

(63) Inprecor, n° 295, 16-29 octobre 1989, p.15-16.

(64) Inprecor, n° 295, 16-29 octobre 1989, p.18-19.

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